Este escrito de despedidas não voa em metáforas, ele se prende à materialização dos desejos e atitudes de Matusahila Santiago e José Luís Lira ao fundarem a Academia Fortalezense de Letras. Fui comunicado por Natércia Campos haver sido eleito. Lembrei então do menino que registrava tudo em seu “diário”, do jovem universitário de direito e administração, a escrever, de forma remunerada, por seis anos, todos os dias, nos jornais Associados. Depois, emergiu o adulto com artigos e crônicas aos domingos, há décadas, no Diário do Nordeste. E, posteriormente, às sextas, neste O Estado. Cessado o receio natural, vieram livros. Por outro lado, nascia uma academia. Foi assim. Sempre acreditei no pensamento de Ralph Waldo Emerson: O talento sozinho não consegue fazer um escritor. Deve existir um homem por trás do livro.Assim, em 2008, como homem e escritor, recebi a tarefa de, por voto unânime, presidir a Fortalezense, e tentar escrever dois anos de sua história com autocrítica, acreditando que uma academia de letras é sempre um vir-a-ser, um projeto em construção, original, essencial ou simples. Como disse Clarice Lispector: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.Uma entidade literária, no meu pensar, é produto da sinergia de seus componentes, do somatório de suas qualificações pessoais, de suas produções literárias em múltiplos gêneros, dos seus gestos singulares e personalizantes. Recebi o bastão de Ednilo Soárez, que o ganhara de Cybele de Pontes, e, esta, de Cid Carvalho. Gande responsabilidade, a minha. Seguindo as palavras do escritor mexicano Octavio Paz, prêmio Nobel de Literatura, em 1990: “O homem é um ser que pergunta”. A todos perguntei e, a cada um deles, pedi que o fizessem por escrito. Aos ex-presidentes, solicitei encadernassem o registro histórico de suas gestões e experiências. Li tudo, com respeito, o que haviam proposto, escrito e feito. A partir daí,saí da primeira pessoal do singular para a primeira do plural, procurando fazer, em dois anos, algo qualificado como:1. a participação da Fortalezense, em sessões públicas, em duas bienais do livro do Ceará, fato inédito e acreditado; 2. estimular e acompanhar colégios e jovens estudantes de nível médio para que fundassem e mantivessem academias de letras; 3. realizar os eventos “Viajando nos Livros”, com parceria de colégios públicos e privados e milhares de participantes; 4. idealizar e criar, com o apoio do então presidente da ACL, Murilo Martins, e ajuda de Regina Fiúza, grupo de trabalho multidisciplinar para elaborar projeto visando a obtenção de recursos das leis de incentivo para restauro do Palácio da Luz, patrimônio de nossa anfitriã, a Academia Cearense de Letras; 5. a repercussão da atuação ensejou homenagem e reconhecimento público. Por iniciativa do vereador Paulo Facó, a Fortalezense, em outubro de 2009, foi homenageada, em sessão solene, na Câmara Municipal de Fortaleza; 6. propiciar jantar anual de confraternização natalina; 7. realizar mudanças no Estatuto Social e no Regimento Interno para condicionar candidaturas por editais publicados na imprensa e um conselho fiscal para examinar receitas e aplicação dos nossos recursos, mínimos que sejam; 8. conseguir viver estes dois anos com os nossos próprios recursos, sem recorrer a quaisquer ajudas de pessoas, empresas, instituições ou órgãos públicos. Entregamos, ontem, um caixa saneado e maior do que recebemos; 9. conceber a criação de um Anuário da Cultura, projeto esse encampado pelo Secretário Auto Filho e ampliado pela SECULT- Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, ora em elaboração;10.criar o selo editorial Fortalezense de Letras para uso dos acadêmicos em suas publicações;11. publicar mais um número da Acta Literária; 12. criar um Histórico para cada acadêmico para a memória;13. distribuir broches/ bottons e carteiras de identidades sociais para acadêmicos; 14.lutar para que o “Pacto de Fortaleza, a cidade que queremos para 2020”, contemple a cultura entre os seus eixos. Publicamos artigo, fizemos exposição de motivos à Câmara Municipal e lá comparecemos para, de viva voz, dizer da razão do nosso pleito. Em 24 de setembro passado, o pres. Salmito Filho nos assegurou, pessoalmente, que a cultura será incluída. 15. Realizar eleições diretas, precedidas de editais publicados, escolher e dar posse a três novos acadêmicos.
Agora é almejar harmonia, trabalho e dedicação a todos os que compõem a nova diretoria, encabeçada por Gizela Nunes da Costa, detentora de cultura e experiência, fazendo votos que sua liderança, vontade e sensibilidade confluam para um maior relacionamento entre os acadêmicos, instigando-os a escrever obras de nível, pois como dizia Ítalo Calvino, “Os leitores são os meus vampiros”. A todos colegas da Fortalezense, especialmente os da diretoria que sai, os meus agradecimentos. Aos demais, faço votos que cultivem e propaguem, em outras academias a que pertencem, a atitude de que a cultura contemporânea do Ceará deve ser sustentada, ampliada e consolidada pelo compartilhamento dos saberes, integração de competências e a fusão de ideias para o engrandecimento das letras e da literatura. Por fim, Presidente Gizela,lembre o Eclesiástico, 6:2: “Revestir-te-às dela como de uma estola de glória/ e a porás sobre ti como uma coroa de regozijo”.
João Soares Neto
Prezados senhores como não sei como fazer chegar o meu apreço e admiração pelo poeta fantástico que abrilhanta essa casa de luz e letras, o senhor Artur Eduardo Benevides, gostaria que, por favor fizessem minhas palavras chegarem até ele.
ResponderExcluirAmo esse poeta do fundo de minha alma. Tenho muitos livros dele e sempre que posso presenteio meus amigos queridos com uma de suas jóias. Ele tem o poder de penetrar em meu espírito e me fazer sonhar.
Obrigada
Rachel
Se o senhor Artur Eduardo Benevides quiser me dar a graça de uma resposta, o meu blog é:
ResponderExcluirwww.oquecintilaemmim.blogspot.com
E o email: docerachel@hotmail.com
Obrigada