domingo, 27 de junho de 2010

CRIANÇAS E LIVROS

Fiquei feliz em ver na cidade de Paraty, RJ, a Flipinha. Uma folia paralela para crianças em meio à, digamos, Flipona, a festa literária internacional, exclusiva para adultos. Uma das coisas que me chamou a atenção na cidade, foi a ambientação das praças carregada de simbologia infantil, tais como animais feitos de papel ‘marché’, adolescentes seguindo os passantes com pinturas brancas nos rostos e os corpos vestidos de negro. Como a festa era em homenagem ao poeta pernambucano Manuel Bandeira havia os célebres e grandes bonecos que enfeitam os carnavais de Recife e Olinda. Todos os professores recebiam, gratuitamente, um Manual da Flipinha. Nesse manual, realizado pela Associação Casa Azul, fica claro que ele é um apoio ou ferramenta das salas de aula para provocar o aprimoramento do estudante, através do livro e da conseqüente leitura. A intenção é transformar as crianças nascidas em Paraty em leitores conscientes, dando à cidade um modelo de turismo cultural a dar exemplo a todo o país. Assim, professores foram engajados à Flipinha e o que se via era um salão aberto, com palco, lotado de crianças, ávidas por conhecimento. Neste tempo em que a Internet duela com a televisão como foco de atenção dos pais e das crianças, os livros, erradamente, são considerados apenas obrigações escolares, como instrumentos necessários à formação elementar, secundária ou superior. Está provado que as pessoas que gostam e sabem ler têm mais facilidade de expressão e comunicação. Não falam “tipo assim”, por terem vocabulário limitado. Os que lêem sabem descrever situações, assimilar o contexto de conversações. A partir das leituras conseguem ter uma visão maior do mundo, com seus perigos e oportunidades. Embora seja um avô não ortodoxo, tenho procurado estimular meus netos para a descoberta da leitura e da escrita. E o faço não interferindo na sua educação, mas lhes dando livros compatíveis com a idade. Tive o prazer de ver uma neta, pré-adolescente, recebendo prêmio e medalha de uma editora nacional por texto seu publicado, depois de selecionado no colégio. Luana, encabulada, devoradora de livros, estava, sem saber, concedendo-me alegria incomum.

João Soares Neto,

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